sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Que saudades do nosso IADE!

Aderi a este blog no final do ano passado e estive até hoje a pensar no que havia de escrever. São tantas as coisas que queria dizer, tantas que me assaltam o pensamento quando penso no IADE, que seria impossível resumir tudo num ou dois parágrafos, mas tentarei ser breve. Sou uma irremediável sentimentalista e posso dizer, sem vergonha, que a última vez que entrei no IADE não contive algumas lágrimas. O IADE estava frio, cinzento, silencioso... Falei com uns poucos funcionários, mas não era preciso para sentir neles o reflexo da imagem do actual IADE. Estranho contraste com o primeiro dia em que entrei naquele edifício, em que os alunos amontoados à porta deste conseguiam superar o barulho vindo das obras que ainda eram realizadas na Av. D. Carlos I. Relembro-me das minhas praxes, onde aprendi a sentir o IADE. Gritos de veteranos como: "De onde é que vocês são?" ao que nós, caloiros, respondíamos efusivamente: "IADE IADE IADE" não se esquecem! Vivi quatro anos no IADE. Sim, vivi, porque como já vi alguém escrever, o IADE era a minha segunda casa. Lá vivi os melhores anos da minha vida. Quantas vezes ouvi (e apontei) defeitos ao IADE?? Inúmeras! Quantas vezes ouvi que o IADE nem parecia uma faculdade? Inúmeras e nisso concordo a 100%. E porquê? Porque no IADE estávamos em casa. A família IADE podia ter imensas coisas onde pecava, mas até nas nossas famílias há sempre defeitos, maiores ou menores. E como em todas as famílias, há sempre uma ovelha ranhosa que torna um ambiente menos feliz. Pois é... E a família IADE casou pelo civil com uma dessas personagens, que obrigou todos os que vivem naquela casa a vestir fato de gala até para ir à praia, apertou bem os colarinhos e os punhos. Mesmo que não se consiga respirar, o importante é estar bonito! A imagem exterior pode ser fantástica (depende do ponto de vista), mas se o manequim estiver DEMASIADAMENTE apertado, é normal que perca o ânimo para desfilar seja em que lugar for. Pessoalmente, prefiro alguém que desfile eficazmente, nem que seja de calções às flores e havaianas, do que a ineficácia de alguém que calça o 39 e lhe dão sapatos chiques nº 34 para calçar... Aqui fica a sugestão ao parente menos tolerante e mais recente da família: Ofereça sapatos chiques, mas do número correspondente a cada familiar! É I... É A ... É IADE

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

São as pessoas que fazem o sucesso das organizações

Fui aluno do IADE de 93 a 97, e é verdade quando se diz que alguns dos melhores anos da nossa vida são os da Universidade.
No IADE formei-me como profissional, mas acima de tudo também como pessoa. Ainda hoje grande parte dos meus mais chegados amigos tiveram origem no IADE.
A experiencia retirada desses 4 anos foi extraordinária, porque essa instituição tinha algo de diferente para oferecer... as pessoas.
Ao contrário de muitas outras Universidades/Instituições, o IADE tinha uma componente humana que se diferenciava, o seu staff.
A proximidade com os alunos, o interesse genuino pelas pessoas e pelas suas carreiras.
Mais do que professores, directores, coordenadores, eram amigos.
Recordo-me do apoio que tinha quando necessitava de algo, da forma como lidavam com os nossos problemas/questões.
Tive a oportunidade de conhecer a pessoa mais do que o profissional, como por exemplo a Paula Naia ou o António Ferro, dos quais ainda hoje recordo com enorme admiração e carinho. Foram peças sem sombra de dúvida fundamentais para que toda a minha experiencia enquanto estudante fosse mais facil e positiva.
Como se diz .... não são as organizações mas sim as pessoas que fazem o sucesso.
E sem sombra para dúvidas foram essas pessoas com as quais me cruzei que fizeram o IADE, pelo menos o de antigamente.
Nuno Andrade Campos

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O resto?? O resto, já não interessa.

Um dia António Quadros escreveu/disse: “Não queremos ser uma fábrica de diplomas”.
Podia acabar por aqui a minha intervenção, parece-me.

O meu nome é Maria Ana Ferro. Sou filha de António Ferro, neta de António Quadros e estudei no IADE.

Em pequena vivi confusa. Para mim IADE era sinónimo de trabalho. Aliás, e apesar de a minha mãe trabalhar numa área totalmente diferente, dizíamos o “IADE do pai” e o “IADE da mãe”, achando que era a palavra utilizada para definir emprego.
O IADE cresceu em nós. Lembro-me de ver o meu avô numa sala pequenina do Palácio e de me sentar ao seu colo e pedir miminhos, o que por um lado o encavacava e por outro o encantava.

Estudei no IADE. 5 anos em vez de 4, porque chumbei logo no primeiro devido ao meu jeitinho para matemáticas.

Enquanto lá estive, ouvi de tudo. Mal dos cursos, mal dos horários, mal dos professores, mal dos alunos, mal dos equipamentos, das salas, do bar, das casas-de-banho, do programa, das faltas, dos pagamentos.

Mas, havia sempre um mas. O espírito que o IADE respirava chegava até nós. Isso, porque o espírito pertencia a duas pessoas que o fizeram crescer, António Ferro e António Quadros e a tantas outras que o cultivaram. O Professor Fernando Garcia, a Paula Naia, Pilar Roquette, Mafaldas, tanta gente. Tanta gente.

Esse espírito, cresceu em mim e o IADE deixou de ser o trabalho do meu pai. Era de facto um projecto, uma vontade, um sonho, uma meta.

Nunca mais lá voltei desde que o meu pai saiu. Porque aquilo é hoje apenas o edifício onde um dia foi o IADE. Agora é outra coisa, despida desse espírito. Vestida de preto. De estrangeirismos, de palavras que estão na moda e valores que aparentemente também.

Para mim, ficou uma recordação de quase 30 anos. Desde que nasci até ao momento em que o meu pai desceu aquele elevador pela última vez. Hoje, respeito muito o projecto que o meu avô e pai conseguiram criar apoiados nos valores que ainda hoje acreditamos, restam as recordações e o orgulho de uma escola para os alunos, feita por pessoas.

O resto, é sustentado por valores que não chegam a entristecer-nos pois não os compreendemos.
Foi feito o que deveria ter sido feito. O contributo para o ensino foi dado, o espírito foi semeado e continua.
Pelo menos por quem o viveu.

O resto, já não interessa.

“Não somos números, não somos coisas descartáveis e substituíveis, não somos apenas funcionários, apenas profissionais, somos infinitamente mais porque somos seres humanos.”

António Quadros

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O que “IADE” ser do IADE?

O que “IADE” ser do IADE?

1ª Regra da Sensatez: “Nunca voltar ao local onde já fomos felizes”

Caros amigos e colegas do IADE:

Soube há poucos dias que o “meu” IADE já não é meu! E como acontece em todas as relações, o sentimento de posse é sempre o ultimo a perder-se, portanto tenho de desabafar! O choque por me terem “roubado” o IADE é total, afinal não é todos os dias que alguém arranca um pedaço de nós. E está-me a doer. Durante 5 anos da minha vida o IADE foi a minha segunda casa e às vezes até a primeira. Durante esse período vivi intensamente o IADE e tive o prazer de ser discípulo de professores que foram capazes de ser mestres, citando António Quadros.

Recordo que no meu primeiro dia de aulas, o professor Fernando Garcia olhou para a turma e disse-nos assim: “Olhem todos uns para os outros. Vá…olhem, fixem bem as outras caras, porque vocês estão a olhar para os vossos melhores amigos. São estes que vos vão acompanhar para o resto da vida!” Passados tantos anos discordo do saudoso Fernando Garcia. Porquê?
Porque faltava lá a Paula Naia!

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que vi a Paula. Entrei na casa de banho do 1º andar, na Rua Capelo e de repente, vejo nas costas da porta, um desenho muito bem feito de um mulherão descomunal! Por cima dizia: Paula Naia!

Foi a primeira vez que a vi. Mais tarde, conheci a “verdadeira” Paula e devo dizer que o desenho não fazia jus à pessoa em causa…também como é que um desenho iria mostrar toda a sua dedicação, inteligência, amizade, devoção, humor, amor, lealdade…

A Paula Naia foi uma das responsáveis por eu ter vivido intensamente o IADE, por ter participado e ajudado a organizar um sem número de Eventos, Jornadas, Desfiles… E foi a responsável por ter conseguido o meu primeiro emprego, que mantenho até hoje.

Quando soube o que o IPAM lhe está a fazer, fiquei revoltado. Sim, o IPAM, porque o “meu” IADE, o Humanista, Irreverente, Criativo e Audaz nunca faria isso a ninguém, muito menos a alguém que faz parte da sua história e memória.

A Paula foi também responsável por eu ter quebrado inúmeras vezes a tal primeira regra da sensatez. Depois de ter saído do IADE voltei inúmeras vezes…fazia-me falta, tinha saudades e já não havendo colegas ou professores do meu tempo com quem falar, eu ia falar com a Paula, que para mim, é e será sempre o IADE. Enquanto lá estava, eram inúmeros os telefonemas que recebia de agências e empresas, a solicitarem o envio de CV´s, alunos a entrar e a sair para lhe pedirem ajuda e uma opinião, o António Ferro a dizer “Paula preciso de si”… um autêntico frenesim que só comprovava a sua extrema dedicação, profissionalismo e reconhecimento público.

O António Ferro saiu, mas a Paula ainda lá está nas condições que todos conhecemos. E recordo-me que ao longo dos anos teve tantas, mas tantas propostas para sair…só que por vezes o Amor e a

Dedicação vencem a sensatez. Eu também sou assim, se calhar é por isso que somos amigos. E isto faz-me pensar o seguinte: será que a primeira regra da sensatez não deveria ser “Nunca ficar no local onde já fomos felizes”? Eu não sei o que “IADE” ser do IADE… mas o meu não há-de ser com certeza!

P.S – Quero também partilhar a primeira vez que ouvi falar no António Ferro, por quem nutro uma infindável simpatia e admiração. Recordo que entrei na casa de banho, acho eu que era do Palácio, e nas costas da porta estava desenhado “algo” que continha a seguinte descrição: É duro como o “Ferro”!

Pedro Costa Pereira

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O MEU IADE

O meu IADE era o IADE do mérito, da amizade e do espírito de equipa.
Este IADE é o IADE do compadrio e dos amiguinhos.
O meu IADE tinha defeitos, tinhas muitos defeitos, mas era humano.
Este IADE é castrador, autoritário e limitativo.
O meu IADE tinha caras tinha rostos, tinha liberdade.
Este IADE tem medo, tem pavor, vive amordaçado.
O meu IADE era genuíno. Este IADE é plástico.
O meu IADE tinha nos genes a criatividade e a energia.
Este IADE tem isso na assinatura e no marketing, mas pouco na prática.
O meu IADE era vivo, era lindo, era MEU.
E este, definitivamente, não é o meu IADE

o MEU IADE

O que é este IADE? Este não sei, ouço dizer...
O que eu sei, é qual o meu IADE...
O meu IADE, é humanista, em que o mais importante são as pessoas, alunos, funcionários, professores, amigos...
Um sítio em que toda a gente se trata por igual, com um sorriso, em que o que se pede é a simples troca deste gesto, de uma palavra que sai de forma natural, uma comunhão entre todos, um sentimento de pertença à instituição...
Como é bom um sítio, em que um aluno consulta um livro e que no meio do corredor debate o tema com o seu autor...
Que bom saber, que lá existem pessoas exímias no que fazem, que não são apenas nomes nas lombadas dos livros, são aqueles professores que nos ensinam, que nos cumprimentam no elevador, que trocam ideias connosco, que nos ajudam, que nos pedem ajuda...
Sabe bem precisar de um "desenrasque" para as apresentações e lá vem uma funcionária com o retroprojector ou a extensão mesmo a tempo de nos safar...
Ter um problema e saber que não se sai do 7.º andar sem solução...
O convívio vivido na organização das jornadas, da entrega dos diplomas de amigos do último ano, alunos, funcionários, a Paula, a Marília :)
Ir ao gabinete do director Ferro e ser recebido de braços abertos e enquanto se espera por mais alguém ouvimos uma história sobre a família, ou uma curiosidade sobre o IADE...
O prédio tem cruzes na fachada, usualmente o x marca o lugar, aquele era um lugar de pessoas, daí tantas na fachada...
O meu IADE são pessoas, é um sentimento, acredito que para muitos o mesmo se passe...
Quem lá esteve sabe o que é IADE...
Creio que há uma mística...
No que se tornou não sei...
Sei qual é o meu, e é bom!!

Claudio Valentim
Sei que os melhores momentos da minha vida foram lá passados, as melhores recordações foram lá criadas, as grandes amizades foram lá cimentadas, a formação que me deu bases para o futuro foi lá adquirida, a pessoa que me tornei, grande parte, devo ao IADE.
Mas nenhuma instituição de formação de indivíduos, tem o carisma e a alma sem as pessoas que a constituem e que de diversas formas foram os pilares de sustentação do nosso tão nobre e saudoso IADE.
Infelizmente não tive o prazer de conhecer tão grande senhor e sonhador que foi António Quadros, mas tive o privilégio de partilhar toda a sua sabedoria através do António Ferro, de ti Paula e por todos quantos nos ajudaram a criar a família IADE ao longo dos anos.
Paula, foste sem duvida um pilar, e parte dessa família que ajudou e preparar pessoas melhores, pessoas capazes, pessoas felizes!
Tenho profunda tristeza em constatar que essa alma e carisma se tem vindo a perder ao longo dos anos, e que o que aparentemente seria fácil manter, pois tinham as pessoas certas, está a ser deliberadamente destruído.
Resta-me dizer-te que a parte da minha vida lá VIVIDA, será para sempre parte integrante e feliz da pessoa que sempre serei!
Um grande beijinho com a esperança que acordem a tempo de constatar a pessoa maravilhosa que és!
Cláudia Pinto Bessa