quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Caros Amigos e Colegas do IADE
Raramente participo em acções de contestação, reclamação ou indignação. Talvez por causa do meu perfil e experiência de vida, reclamar pouco e fazer muito foi sempre o meu posicionamento perante as contrariedades, constrangimentos e obstáculos.
Fui aluno do IADE tendo terminado o curso de Design Gráfico e Equipamento Geral em 1988 (julgo), leccionei no IADE, no curso de Marketing e Publicidade na disciplina de Expressão Visual na vertente Publicidade. Durante cerca de 14 anos seguidos de contacto diário com o IADE sempre teci criticas de cariz construtivo quanto à organização do curso, metodologias de organização do mesmo e apontei falhas e sugestões quanto à organização e quanto ao papel que o IADE deveria e podia ter no mundo do Design, da Publicidade e do Marketing em Portugal.
Tive a honra de conhecer e lidar com António Quadros, Lima de Freitas, Rafael Calado, Espiga Pinto, Fernando Garcia, Carlos Grade, José de Freitas, e tantos outros que me marcaram e formataram a minha personalidade e profissionalismo.
Sou Amigo do António Ferro desde o dia que entrei como aluno. Com ele convivi como aluno, como amigo, como profissional e como Director.
Angariei inúmeros Amigos nos colaboradores que, diariamente, contribuíam com o seu trabalho, dedicação e esforço para o regular funcionamento da Escola.
Entendo e compreendo que a evolução dos tempos e o crescimento das organizações obrigam a que estas atravessem períodos de dificuldades, de constrangimentos e até, por vezes, de algum ou muito "desnorte". Percebo tudo isto.Como tal aceito como perfeitamente normal e próprio da vida empresarial a mudança da estrutura accionista e a consequente implementação de novos processos de gestão, novos métodos e procedimentos organizacionais e novas abordagens nos métodos de ensino.Tudo isto é normal e até desejável. Inovar e desenvolver é o caminho mais curto para o sucesso!
No entanto quando a evolução natural das organizações acentuam e reforçam a má e desastrosa gestão dos activos, nomeadamente os activos humanos, é razão bastante para uma reflexão preocupada com o desempenho da gestão aplicada.É natural que o período de adaptação das organizações a novas estratégias tenha efeitos não apenas sobre a estrutura organizativa mas se reflicta também na afectação dos activos humanos a novas funções e a novos cargos. No entanto estes processos, sempre conturbados e causadores de instabilidade e apreensão por parte dos colaboradores, só terão sucesso se forem potencializadores das capacidades pessoais e em conformidade com as aptidões e "know how" dos colaboradores e quadros, rentabilizando assim os activos e conferindo desta forma mais garantias de sucesso às alterações implementadas.
Como exemplo do que pretendo dizer diria que acharíamos muito estranho se um dia o Director do IADE passasse a prestar serviço na recepção ou o amável e simpático senhor Victor sentado na cadeira da direcção a dirigir a Escola. Com grande amizade e saudades do Sr. Victor e respeito pelo Director o digo.
Espantou-me ao ver na net, e portanto nas bocas do mundo, este blog de indignação e protesto sobre o que pela minha Escola se passa. Não pude, nem podia ficar indiferente aos factos e portanto aqui fica o meu registo, aqui fica a minha indignação.
Tal como no passado recente, em que desisti de leccionar por não reconhecer no IADE a ambição que sempre me habituei a nele reconhecer, também agora começo a vacilar na convicção de que a nova estratégia dos novos accionistas, venha trazer mais valias para a Escola e para o sector em geral.
Além de alguns sinais de disfuncionalidade organizacional e a consequente desmotivação do quadro de colaboradores, uma perca já é certa: a imagem do IADE nada tem a ganhar com estes sinais. Bem pelo contrário.
Sempre ouvi dizer que "O segredo é a alma do negócio", mas perdoem-me ao discordar com esta máxima que tão maus resultados trouxeram ao mundo em que a crise que vivemos é o expoente máximo e fruto da ausência de valores humanistas nas pessoas e nas organizações.Desvalorizar o capital humano é condenar a possibilidade de sucesso, condicionar a ambição e limitar o tempo de vida das organizações.O IADE que desde a sua génese perfilhou os valores humanistas e como Escola que é deveria seguir uma nova formulação da frase acima: "O Segredo do negócio está na Alma"
José Monteiro Limão

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