quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Que IADE é este?

Que IADE é este que vejo hoje em dia?
Que IADE é este que há meses não tem António Ferro na Direcção e só há poucas semanas eu o soube, por mero acaso?
Que IADE é este?
Existem dois nomes que até hoje (e pelo menos desde 1993, ano em que ingressei no curso) referenciam uma Instituição fundada por António Quadros. São os nomes de duas pessoas não tendo sido fundadores, fizeram do IADE o que é hoje, ou ontem, já não sei.
António Ferro e Paula Naia fora o rosto do IADE até há bem pouco tempo, aliás, eu ainda pensei que o eram.
Pode-se perguntar em agências de publicidade, centrais de meios, meios de comunicação em geral que vão da imprensa escrita às televisões, fornecedores, e todo um rol infindável de pessoas que, tal como eu, só identificavam o IADE com estes dois nomes.
António Ferro foi um Director que sempre teve a porta aberta para receber os alunos, quais quer que fossem as questões, foi o Director que me ensinou que o IADE não tem ex-alunos, tem antigos alunos, que tal como eu, até hoje sempre foram participando nas iniciativas promovidas pelo IADE, e organizadas pela Paula Naia. Foi António Ferro que conseguiu incutir no IADE um espírito de unidade que nunca soube existir em qualquer universidade, pelo menos em Lisboa. Foi António Ferro que seguiu as pisadas de seu pai e conseguiu levar o IADE a alcançar o prestígio e a qualidade que o caracterizam. Claro que não o fez sozinho, claro que não decidiu tudo, claro que precisou de muitas pessoas à sua volta para, numa mesma direcção, carregar o barco. Mas é a António Ferro que devo agradecer ser a pessoa que é, e o director que foi, pois vários foram os exemplos de directores que, embora pudessem ter a melhor das equipas à sua volta, destruíram a reputação das suas instituições com condutas duvidosas.
Será por tudo isto que não interessa sequer saber que existe um novo Director?
Será por tudo isto que não interessa saber que não lhe foram dadas condições para continuar?
Será por tudo isto que ninguém faz a mínima ideia quem seja o novo Director?
Será por tudo isto e muito mais, que é preferível que todos continuem a pensar que nada mudou?
Mais adianto, pois ao lado de António Ferro, esteve Paula Naia, o segundo nome incontornável das últimas décadas da Instituição. Foi aluna, ficou a trabalhar no IADE, teve entre várias outras funções a seu cargo, a Assessoria da Direcção, o Departamento de Integração Profissional e a Publicidade e Marketing da própria Instituição. Levou o nome do IADE e a própria instituição onde nem o Design, o Marketing ou a Publicidade ainda tinham entrado. Organizou Jornadas, Acontecimentos de Moda, Formações, Festas, Exposições, Concursos, e muito mais que não caberia aqui descrever. Esteve ao lado dos alunos na apresentação da Instituição em início de aulas, na explicação de concursos, na defesa das primeiras entrevistas de trabalho ou em simples conselhos profissionais.
Sei hoje que desempenha novas funções, e o normal seria pensar num cargo directivo ou coordenação, pelo menos. Surpresa é saber que o cargo é administrativo, e que estará ao nível da secretaria principal do IADE. Com todo o respeito por todas as funcionárias que ali desempenharam funções, não me parece um cargo apropriado para alguém que há mais de duas décadas vestiu a camisola e soube ter a humildade de ir progredindo, quer em funções, quer em formação, pois resta lembrar, que a Paula Naia terminou o Mestrado de Publicidade no IADE há alguns meses, com 16 valores de nota final.
Que IADE é este que despreza as pessoas que fizeram o que ele é hoje?
Que IADE é este que numa altura em que qualquer empresa de sucesso não arrisca qualquer alteração do seu projecto, resolve fazer alterações profundas da sua estrutura? Quando se pretende mudar, que se mude para melhor.
Que IADE é este que na mudança nem o divulga, desacreditando à partida que as suas novas apostas serão melhores?
Que IADE é este que além de não respeitar, não estima os seus trunfos mais valiosos?
Que IADE é este do qual desconfio?
Este não é o IADE do qual me orgulho fazer parte, porque todos os alunos fazem parte, todos sempre foram convidados a participar, a ajudar, a ser ajudados, e principalmente a comunicar. Este IADE não comunica.
Este não é o “meu” IADE, tal como acredito que não seja o IADE que a maioria dos antigos alunos pensa que existe hoje.



Rita Matos

3 comentários:

  1. Não sabes que IADE é este???
    Deixa que o Paulo Moreira vai te explicar.

    PM

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  2. É Com enorme tristeza, que recebo esta noticia. A noticia da descaracterização, de uma instituição que soube ao longo das ultimas decadas tornar-se a maior referencia, na formação de profissionais de comunicação do nosso pais.
    Eu já deixei o IADE há muitos anos, mas tenho ainda presente, o espirito universal, humanista e criativo, sempre incutido por António Ferro.
    E a presença sempre constante e aglutinadora da Paula Naia. Tambem ela um verdadeiro motor do dia a dia da instituição. Sempre com um sorriso para quem a solicita, ou lhe lança um desafio.

    Bruno Pinhal

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  3. Desastre é quando tudo acontece. E, neste país de que tanto gosto, parece que ainda me conseguem surpreender. Uma pessoa ao (bom) serviço, durante tantos anos, de uma instituição no mínimo tem que permanecer. Não porque sim. Porque TEM! Há créditos, há trabalho, há profissionalismo, entrega, vontade. Mas que diabo... anda tudo cego?
    Falem nada então, sobre produtividade. Falem nada, então, sobre competência.
    Assumam, portanto, o que realmente se passa. E deixemos os alunos estudar onde já não não poder onde. Porque assim se acabam as instituições válidas, os valores e o trabalho de gerações.
    E mais não digo.

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